Wednesday, May 30, 2007

verborreias alquímicas


De fantasias pagâs e cristãs, ou reactivamente ateias, não nos safamos – as metáforas andam por cá como uma herança genética. Sobram-nos evangelhos, fábulas e filosofias como boa ou mediocre literatura. Sobram-nos deuses como especiarias a mais. Sobra-nos também o prazer de negá-los, com ou sem imaculados idealismos. A juventude que se foi garante as juventudes que (se) vêm. Sou de uma espécie muito interior que anda cá por fora desde sempre. O azul do céu abre-se nos meus pulmões – estes climas maravilham-me. Ir para o campo? Sim! Mas gesticular na efevrescência animalesca das cidades, onde a beleza se saracoteia em cada esquina, e onde as criaturas se espremem como se fosse obrigatório muito mais do que aquilo para que fomos feitos. Nadamos nas piscinas municipais e nas praias turisticas, vemos o òceano desde os céus e inclinamo-nos confortávelmente por cima das nuvens. As hospedeiras não são assim tão belas.

Dantes sonhava-se com ouro, como se este fosse uma quimera alquímica – hoje as alquimias não se contentam em forjar metais.

Sinto-me europeu, mas não me sinto ridiculo neste meu corpo. Não preciso de caminhar com um ar embaraçado, cabisbaixo, desconfortável, como se as esperanças tivessem acabado e a prosperidade fosse um confortável entrave que faz luto pelas utopias.

Também quizemos ser selvagens, mas a sua sofisticada ciência contradizia a nossa esperança de uma simplicidade mais intensa e abrupta. Acabámos por aceitar-lhes as inevitaveis influências. Somos contamináveis – primitivistas, orientalistas, modernaços. Não tememos os equívocos, mas é através deles que partilhamos práticas.

Baba-te! Transforma-te! Desenrasca-te!

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