Wednesday, May 30, 2007

mestiço postiço


A inocência mestiçou-se e abastardou-se. As nossas poucas vergonhas são muito poucas. Faço imagens. As imagens são miraculosas se lhes pedirmos milagres. Os corações entreabrem-se. A pintura é uma medecina que torna tenro e terno. Mas fora dela.

Andamos um pouco por aqui – a cartografia situa-nos implacávelmente no espaço. Acordo para boas possibilidades. A arqueologia fez renascer belezas devastadas. O turismo tornou maravilhas banalmente acessíveis. Perdeu-se o encantamento? Ou temos que ser cumplices desse festim de imagens? Os passados glorificam-se nas restaurações que lhes inflingem os presentes. São os nossos olhares que oferecem a todas as ruínas a possibilidade de serem interminávelmente traduzidas.

A camaradagem das mulheres é problemática, mas acabou por ser um excelente antídoto animal para a simplificação e para os clichês do erotismo. Sabemos hoje partilhar uma maculante beleza e perceber como religiões e filosofias foram misógenas e estupidas no seu afã por coisas puras e machas.

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