Sunday, June 10, 2007

observações assassinas



Estratégias são estruturas de aparição/desaparição.

A arte dessocializa o que os seus supostos objectos socializam.

Os homens tornaram-se, aos poucos e poucos, obsoletos para a Guerra.

Grande parte da arte tenta desesperadamente não ser autobiográfica. Mas para isso teriamos que suprimir as monotonas biografias dos seus «autores».

O amor é um desvio metafísico do riso.

As confissões não renovam a vida, mas a vida renova as confissões.

A vida diária insulta cinicamente a nossa propensão para caír nela.

Tudo foi dito como se tivessemos que nos aproveitar desse facto, mas precisamente porque foi nós aproveitamos as ocasiões para refutar mesmo as mais soberanas evidências da literalidade.

Entro nos livros desordeiramente e não estou preocupado em descobrir nenhuma santa ordem neles, seja do autor ou minha.

A nossa tarefa é a de retocar a artificialidade naturalmente.
Não há revoluções sociais justas, mas apenas progressos miméticos. A censura tenta fazer-nos dizer secretamente e profundamente o que ela diz elipticamente.

Não há poder sem liberdade – o poder politico é a submissão a uma missão, oportunista ou não, a uma comunidade. Ser-se rico é saber-se possuir muito mais do que como objecto.

Somos a extinção a fazer-se passar por espécie.

O cinema absolve-nos de todas as prostituições porque as supera.




Há observações assassinas e outras que vão para a cama com muita gente: por vezes acabam por ter filhos.

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